O mal que me aflige e devora
é tratar o papel e a pena por "tu":
o papel faz-me sentir nu por fora
e a pena, por dentro, faz-me sentir nu
Não ouso dizer aquilo que adivinho;
as palavras mais belas, essas, guardei-as
num antigo e infindável pergaminho
escrito com a tinta que corre nas veias.
Mas sinto tristeza por não ter o porte
para ser homem mais uno, mais alto, mais forte,
para dizer ao mundo num brado intenso
que a minha pena, brava, ninguém cala,
e que escrevo no papel como quem fala
ao invés de falar tudo aquilo que penso.
Coimbra, 26/12/2005
este é aquele pseudónio das árvores?
Há 18 horas