quarta-feira, 15 de abril de 2009

Ir

Olhos que fitam o céu
azul celeste, no horizonte
aves, aves formando o véu
que cobre ao crepúsculo a fronte

Entardeceres da nossa vida
nós, navegantes das procelas
viajando pela noite esquecida
a cada viagem abrindo janelas

Viajar, nada mais que viajar
e fazer da vida o esquadrinhar
de espaços nunca descobertos

Deixar para trás o que temos
demandar da vida o que queremos
e tomar os sonhos como certos.

O poema

Não consigo conceber
o poema sem rima
(sou levado a crer
que lhe falta anima)

A poesia, quer-me parecer,
é elegante como a esgrima,
fogo que arde sem se ver
mas... sem rima?!?

Gostava pois de entender
essa arte que não me ilumina;
escrever só por escrever?
Não, não me fascina.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Quando

Quando eu morrer
e mais ninguém souber de mim
não quero mais flores
nem prantos, nem dores
ou dos jasmins opiáceos odores
preferia, de facto, que fosse assim

Quando eu enviuvar
e outra vez ficar só
não quero palavras de consolo
nem tão pouco o meu neto ao colo
como pude ser tão tolo
que julgasse nunca me tornar pó?

Quando eu casar
e na nave disser "Sim!"
diz "Sim!" também, meu amor,
que a vida a sós é estupor
combatamos, pois, o langor
eu junto a ti, tu junto a mim

Quando, por fim, eu nascer
leva-me para junto de ti
enterra os meus ossos bem fundo
infante parto deste mundo
não chores, meu bem, a vida é um segundo
e esta que passou já eu vivi.